Líder na tecnologia de produção de etanol a partir da cana-de-açúcar, o Brasil também começa tomar a frente na produção de produtos da indústria petroquímica a partir do etanol. Protagonista desse cenário, a Braskem, após inaugurar em setembro deste ano a maior unidade de eteno advindo da cana, acaba de anunciar conclusão da etapa conceitual do projeto de construção de uma planta de propeno verde.
A tecnologia para a produção de polímeros a partir do etanol não é nova. Desde 1998 a Braskem avaliava as propriedades de outros elementos para a produção de polímeros, mas por falta de mercado, a idéia foi temporariamente abortada, sendo retomada sete anos depois. A empresa investiu cerca de R$ 500 milhões na planta de biopolietileno, concebido com tecnologia própria da companhia.
Embora a primeira planta tenha sido inaugurada há pouco mais de um mês, os plásticos verdes estão bem próximos aos consumidores finais. Alguns dos primeiros clientes são a Tetra Pak, Toyota Tsusho, Shiseido, Natura, Acinplas, Johnson&Johnson, Procter&Gamble e Petropack, entre outras. De acordo com o diretor de negócios de Biopolímeros da Braskem, Marcelo Nunes, demais clientes estão em conversas ou já fecharam acordos, mas por contrato de confidencialidade, não podem ser citados.
O custo do polietileno verde, com valor atrelado às oscilações de safra de cana – assim como o etanol-, é mais elevado em relação ao derivado de petróleo, que tem seu preço condicionado à cotação da Nafta. Uma forma de projetar um custo reduzido do produto é contabilizar os ganhos ambientais que ele propicia. De acordo com Nunes, muitas empresas estão dispostas a pagar um valor mais alto, já que reduzem sua pegada ambiental e agregam valor aos seus produtos em uma estratégia de sustentabilidade.
Um dos exemplos é a Tetra Pak. De acordo com a empresa, o polietileno verde será usado na produção de tampas de embalagens com produtos 100% renováveis. O acordo firmado com a empresa garante o fornecimento, pela Braskem, de 5 mil toneladas de polietileno verde de alta densidade por ano, com entrega a partir de 2011, para a produção de tampas plásticas e lacres. O volume representa pouco mais de 5% da demanda total de polietileno de alta densidade da Tetra Pak, e é um pouco menos de 1% do total de compra de materiais plásticos.
O custo do polietileno verde, com valor atrelado às oscilações de safra de cana – assim como o etanol-, é mais elevado em relação ao derivado de petróleo, que tem seu preço condicionado à cotação da Nafta. Uma forma de projetar um custo reduzido do produto é contabilizar os ganhos ambientais que ele propicia. De acordo com Nunes, muitas empresas estão dispostas a pagar um valor mais alto, já que reduzem sua pegada ambiental e agregam valor aos seus produtos em uma estratégia de sustentabilidade.
Um dos exemplos é a Tetra Pak. De acordo com a empresa, o polietileno verde será usado na produção de tampas de embalagens com produtos 100% renováveis. O acordo firmado com a empresa garante o fornecimento, pela Braskem, de 5 mil toneladas de polietileno verde de alta densidade por ano, com entrega a partir de 2011, para a produção de tampas plásticas e lacres. O volume representa pouco mais de 5% da demanda total de polietileno de alta densidade da Tetra Pak, e é um pouco menos de 1% do total de compra de materiais plásticos.
No futuro, o crescimento da preocupação ambiental pode tornar o produto mais atrativo e competitivo com mecanismos remunerem o serviço ambiental do ciclo da cana, ou com a comercialização de créditos de carbono. Na balança sustentável, para cada tonelada de polietileno verde produzido são capturados e fixados até 2,5 toneladas de CO2 da atmosfera.
Plantio x Produção
Cada hectare plantado produz 82 toneladas de cana de açúcar, em média, que por sua vez produz cerca 7,2 mil litros de etano. Dessa quantidade podem ser produzidas 3 toneladas de polietileno verde. Para a planta de Triunfo, com capacidade de 200 mil toneladas ao ano, serão necessários 65 mil hectares, o correspondente a 2% do etanol produzido no país.
O biopolietileno tem características idênticas ao polietileno derivado do petróleo, o que o torna mais competitivo em relação aos demais produtos semelhantes disponíveis no mercado, não derivados de petróleo.
Versátil, o material pode ter várias aplicações firmes e flexíveis. Produtos destinados à higiene pessoal e limpeza doméstica, embalagens de alimentos, brinquedos, utilidades domésticas estão entre as primeiras aplicações do plástico de origem renovável.
Nunes ressalta que a empresa trabalha em novos investimentos e projetos na área, desde que haja uma resposta positiva do mercado, como a recém anunciada planta de propeno verde. A companhia também possui projetos de pesquisa para o desenvolvimento de uma nova rota produtiva para o Polipropileno Verde, como a parceria anunciada com a Novozymes, em 2009, e com a UNICAMP e LNBio.
Propeno
De acordo com a empresa, em 2011 serão concluídos os estudos de engenharia básica da planta de propeno verde. Com investimentos de R$ 100 milhões e capacidade de produção mínima de 30 mil toneladas por ano, a operação da planta está programada para o segundo semestre de 2013.
As vantagens ambientais se aproximam do eteno verde, de acordo com o estudo preliminar de ecoeficiência. Para cada tonelada de Polipropileno Verde produzida, 2,3 toneladas de CO2 são capturadas e fixadas.
O polipropileno é o segundo plástico mais utilizado no mundo, atrás apenas do polietileno. Suas características permitem alta transparência e alta resistência ao impacto em baixas temperaturas, alto desempenho em processos de transformação, estabilidade de propriedades ao longo do tempo, baixa densidade que possibilita menor peso das peças e grande versatilidade de aplicações.
Biorrefinaria
O uso de elementos químicos com base no etanol, e o uso em demais indústrias, seguindo o conceito de biorrefinaria, poderão receber um impulso com o etanol de segunda geração. Embora esteja no foco das atenções por conta das preocupações ambientais e do deslocamento da dependência do petróleo, o uso de materiais oriundos da cana, em processos industriais, não é novidade, de acordo com o coordenador do núcleo de Engenharia e Processos de Produção dentro do Bioen (Programa de Bioenergia da FAPESP), Rubens Maciel Filho. Desde a década de 1980, pesquisadores buscam tecnologias para ampliação do uso da matéria-prima e do próprio etanol.
A unidade atuaria como acontece na refinaria de petróleo, tendo como base a cana de açúcar. Uma alternativa interessante do ponto de vista ambiental. De acordo com Maciel Filho, pode-se recuperar, do etanol, praticamente todos os produtos químicos da indústria do petróleo.
O procedimento para isso já existe, mas possui um elevado custo por estar atrelado ao preço do petróleo. Alguns produtos já estão disponíveis no mercado há algum tempo, como o ácido lático, derivado do acetato de etila. O pesquisador frisa que não se trata de substituir o petróleo, mas sim ter alternativas a ele.
Em sua avaliação, a alcoolquímica sofre com uma indústria do petróleo já estabelecida. Os fatores preço e cultura deverão abrir mais espaços para esses produtos no futuro, não se desvencilhando totalmente do petróleo, mas ampliando o uso de demais matérias.
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